As peças mais bonitas de Schubert para tocar ao piano
Na ocasião do aniversário de nascimento de Franz Schubert, nós propomos que você descubra dez de suas mais bonitas peças para piano, em sua versão original ou arranjada por Tomplay para pianista de todos os níveis.
Swan Song, D.957 – No. 4 Serenade (Ständchen)
- Toque a partitura de Serenata, de Schubert, arranjada para piano solo nos níveis iniciante, fácil ou intermediário.
- Toque a partitura de Serenata, de Schubert, arranjada por Liszt para piano solo.
Trinta anos e mais de mil trabalhos na conta: Franz Schubert é um verdadeiro meteoro nos céus da música clássica. Entre suas milhares de obras, mais de 600 são lieder - melodias: o gênero favorito dos alemães românticos. O início do século 19 testemunhou uma abundância de poesia. A escrita era frenética: diz-se que mais de dez lieder poderiam surgir em apenas um dia!
A peça “Ständchen” - a “Serenata” que estamos te convidando para tocar solo ou com orquestra - foi retirada de um ciclo que foi, infelizmente, intitulado “Schwanengesang” (Canção dos Cisnes). Essa coleção de 14 lieder foi nomeada pelo editor Tobias Haslinger na época de sua publicação póstuma: ele sem dúvidas desejava oferecer esse buquê de melodias, que são sublimes, mas não apresentam nenhuma conexão umas com as outras, como um testamento artístico para o gênio vienense que morreu de sífilis em 1828. “Ständchen” pega emprestada sua letra de Ludwig Rellstab. Dois temas românticos favoritos estão unidos aqui: o amor e a noite. “Silently my songs beg / Through the night to you / Down into the quiet grove, / Darling, come to me! [...]”. (Silenciosamente minhas canções suplicam/ Através da noite para você / No bosque silencioso / Querida, venha para mim! [...])
Fantasia em Fá Menor, D. 940
- Toque a partitura da Fantasia, de Schubert, arranjada para piano solo nos níveis muito fácil, intermediário ou avançado.
- Toque a partitura original da Fantasia, de Schubert, para piano a quatro mãos.
Com a Fantasia em Fá Menor D. 940 para piano a quatro mãos, escrita durante o ano de 1828, último ano de sua vida, Schubert se aproxima da perfeição, estimulado pela mais forte poção para inspiração: o amor! As ondulações desse amor impossível - mas correspondido - que ele sentia por sua aluna da realeza Caroline Esterhazy parece ditar todos os contornos da partitura. Ele chegou até a declarar “Não são todos os meus trabalhos dedicados à ela?”. Mas seu status social o impedia de agir de acordo com seus sentimentos. Então ele escreveu, escreveu, e escreveu mais um pouco.
O resultado: uma obra em quatro partes, de riqueza extrema, na qual podemos vislumbrar a cavatina de Barbarine de As Bodas de Fígaro, de Mozart (1ª parte), Bach e Handel (2ª), e até a graça e o charme de Viena (3ª).
Impromptu No. 3 em Sol Bemol Maior, D. 899 Opus 90
- Toque a partitura original do Impromptu No. 3, de Schubert, para piano solo.
No mesmo espírito do impromptu poético - uma peça curta em verso composta na hora e sem preparação, “in promptu”, em outras palavras “na mão” -, o impromptu musical é uma obra de forma livre na qual o compositor simula uma espécie de improvisação instantânea. Schubert produziu duas séries de quatro impromptus entre os anos de 1827 e 1828, no fim de sua curta e dramática vida. Toda a gama de emoções pode ser encontrada nessas composições, com uma espontaneidade extraordinária. Pegue, por exemplo, o Impromptu No. 3 em Sol Bemol Maior do primeiro ciclo (D. 899, Op. 90): não parece fluir dos dedos do pianista tão naturalmente quanto uma cascata?
Six moments musicaux, D. 780 Opus 94
- Toque as partituras originais dos Seis moments musicaux, de Schubert, para piano solo No. 1, No. 2, No. 3, No. 4, No. 5, No. 6.
Aqui estão mais algumas obras-primas nascidas da urgência criativa de uma vida que estava se esvaindo… Os seis Moments musicaux D. 780 foram reunidos em 1827. Como o título sugere, são peças curtas que “estão apenas de passagem”, como disse acuradamente o musicólogo Harry Halbreich. O terceiro, em Fá Menor, já havia aparecido em 1823 intitulado “Air Russe''. É o mais famoso do ciclo. Enquanto toca, medite sobre esta frase de Schubert: “Não existe música feliz”.
Sonata para Piano No. 20 em Lá Maior, D. 959
- Toque a partitura original da Sonata para Piano No. 20, de Schubert: I. Allegro, II. Andantino, III. Scherzo, IV. Rondo
Outono de 1827. Schubert tem trinta anos. Ele está finalizando seu ciclo de lieder mais famoso, “Winterreise” (Jornada de Inverno). Depois desse momento, nada será o mesmo. Escritas entre esse outono e setembro de 1828, suas três últimas sonatas para piano (D. 958 a 960) parecem ser, mais do que qualquer outra obra dessa época, assombradas pela solitária Jornada de Inverno desse “Wanderer” (Andarilho) - esse viajante sombrio em quem é tão tentador ver a silhueta de Schubert.
Composta apenas algumas semanas antes de sua morte, a Sonata No. 20 em Lá Maior D. 959 é tão cheia de contrastes, cada um mais marcante que o anterior, que leva o ouvinte em uma jornada passando pelo catálogo completo das emoções humanas, como no movimento lento em Fá Sustenido Menor que age como seu centro gravitacional. Seguindo um quase hipnótico tema principal, a seção central liberta uma música de extrema violência, que se aproxima ao caos, cujo fogo apenas é extinguido no final em um frágil recitativo. Você terá que esperar pelos dois últimos movimentos para ver a luz novamente.
Piano Trio No. 2 em Mi Bemol Maior, D. 929 Opus 100
- Toque a partitura original do Trio para piano e cordas no. 2, de Schubert, com o acompanhamento profissional do resto do trio: I. Allegro, II. Andante con moto, III. Scherzando, IV. Allegro
Em 26 de março de 1828, no esplendor do grande Musikverein (onde atualmente são realizados os famosos concertos de Ano Novo pela Orquestra Filarmônica de Viena), Schubert e seus amigos organizaram o único concerto público dedicado às suas obras realizado em sua vida. Não que Schubert fosse desconhecido em Viena, mas para as pessoas da época ele era, de certa forma, reduzido a um compositor de lieder e obras corais. Entre as obras que integraram o programa, estava o Trio com piano No. 2 em Mi Bemol Maior D. 929. Datado de novembro de 1827, é uma das raras obras de Schubert que foram publicadas logo após serem escritas. O segundo movimento, que em uma atmosfera pesada evoca o primeiro lied de “Winterreise”, é inspirado na melodia sueca de Isaac Berg (“O sol se pôs...”) ouvida pouco tempo antes. No século 20, ganhou fama mundial graças ao filme “Barry Lyndon”, de Stanley Kubrick.
Ave Maria
- Toque a partitura da Ave Maria, de Schubert, arranjada para piano solo nos níveis iniciante, muito fácil, intermediário ou avançado.
Será que a Ave Maria de Schubert é popular demais? Isso é o que alguns críticos pensam, levando em conta as inúmeras adaptações (mais ou menos gratificantes) que a obra sofreu desde sua criação em 1825 - iniciando por sua transformação em uma obra sacra ao retirar a letra original e substituí-la pela Ave Maria em latim da liturgia católica. Mas isso não reduz em nada a excelência da melodia, uma oração muito simples direcionada a Virgem Maria pela Dama do Lago, a heroína de um poema de Walter Scott, implorando-lhe para proteger seu pai, com quem ela escapou para uma gruta. Essa dama é Ellen Douglas, e ela está no centro de uma luta até a morte entre os clãs escoceses Lowlands e Highlands e, segundo Schubert, merece ser honrada com o título desse lied: “Ellens Gesang III, Hymne an die Jungfrau” - literalmente, “Terceira Canção de Ellen, Hino para a Virgem”. Rossini já havia dedicado uma ópera completa para ela alguns anos antes, intitulada “A Dama do Lago”.
Gretchen à Roca de Fiar, D.118, Opus 2
- Toque a partitura de "Gretchen à Roca de Fiar", de Schubert, arranjada para piano solo nos níveis muito fácil, fácil ou intermediário.
- Toque a partitura de "Gretchen à Roca de Fiar", de Schubert, nos arranjos de Liszt ou Horn para piano solo.
“Ninguém é sério aos dezessete anos”, disse Rimbaud. Nós não temos tanta certeza… É a idade dos primeiros corações partidos e de suas consequências por vezes devastadoras. Ou, pelo menos, consequências muito sérias, como Schubert que, tendo se apaixonado perdidamente por uma jovem cantora chamada Thérèse Grob, fez uma tradução musical do poema de Goethe “Gretchen am Spinnrade” (Gretchen à Roca de Fiar) que é muito mais triste do que o original: Gretchen, abandonada por Fausto que a seduziu, sente falta não apenas de seus beijos (“Ach, sein Kuss”), mas tem consciência de ter perdido para sempre sua inocência.
Três marchas militares, Opus 51, D. 733
- Toque a partitura da Marcha Militar No. 1, de Schubert, arranjada para piano a quatro mãos nos níveis iniciante, fácil ou intermediário.
- Toque a partitura original da Marcha Militar No. 1, de Schubert, para piano a quatro mãos.
As três Marchas Militares viram a luz do dia na residência de verão do Conde Johann Karl Esterházy, em Zseliz, na Hungria (agora Želiezovce na Eslováquia). Schubert estava lá ensinando música para as filhas do conde e foi com motivos didáticos que entregou a elas essas páginas de piano a quatro mãos, escritas em forma ternária (em outras palavras, em três seções e duas ideias musicais A-B-A, B tem a forma de um trio). A primeira, em Ré Maior, rapidamente se tornou a mais popular, chegando ao ponto de ser conhecida como “A Marcha Militar” de Schubert. Não é uma surpresa que ela pode ser encontrada no repertório de orquestras, bandas marciais e outras bandas militares!
A Morte e a Donzela (Der Tod und das Mädchen) D. 531
- Toque a partitura de “A Morte e a Donzela”, de Schubert, arranjada para piano nos níveis muito fácil ou fácil.
Essa é uma obra visionária. Um avassalador “ato de fé” no qual a Vida enfrenta um brilhante - e desigual - cara-a-cara com a Morte. O Quarteto de Schubert No. 14 em Ré Menor “A Morte e a Donzela” foi intitulado de acordo com seu segundo movimento, um tema e variações sobre um lied (“Der Tod und das Mädchen” D. 531) composto por Schubert em 1817 a partir de um poema escrito por Matthias Claudius. Na época, ele tinha apenas vinte anos e parecia já ter compreendido tudo sobre a vida.
Aqui, estamos propondo uma versão muito fácil para piano dos primeiros compassos desse segundo movimento, no qual seus dedos são chamados para substituir os arcos de dois violinos, uma viola e um violoncelo - os quatro membros do quarteto de cordas original.
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